O Alienista - Machado de Assis

Uma crítica muito inteligente à burguesia brasileira através de uma narração em terceira pessoa de um médico muito peculiar da cidade de Itaguaí. João Bacamarte, esse médico que se interessa muito pelos assuntos relacionados à mente humana decide criar uma hospício para estudar os limites entre a sanidade e a loucura e toda a população da cidade fica à revelia desse homem, que se julga capaz de diferenciar quem são os loucos dos que não são. Dessa maneira Machado expõe as misérias humanas ao leitor. Sua primeira ideia era internar todos aqueles que apresentassem algum desvio de caráter, mas ao prender todos os falsos, todos os ambiciosos, todos os bajuladores e interesseiros não sobra quase ninguém "mentalmente saudável" na cidade. Então o médico decide soltar todo mundo e ir prendendo aos poucos as pessoas que ele começa a considerar anormais, são elas quem é verdadeiro, honesto, inteligente. O engraçado é que esse conjunto de pessoas é muito, muito menor que os primeiros. No tratamento ele procurava corromper todas essas virtudes, até que ela pudesse ser novamente reintegrada à sociedade. Quando todos foram liberados, diga-se de passagem todos "curados", Simão Bacamarte percebe que o mais louco da cidade era ele próprio, pois não sofria nenhum desvio de caráter e era a pessoa mais pura e verdadeiro da cidade, então ele mesmo se interna.
Muito original, não? É um livro para se refletir depois.


Um trecho que eu gostei do livro:


"Suponho o espírito humano uma vasta concha, o meu fim, Sr. Soares, é ver se posso extrair a pérola, que é a razão; por outros termos, demarquemos definitivamente os limites da razão e da loucura. A razão é o perfeito equilíbrio de todas as faculdades; fora daí insânia, insânia e só insânia."

- Machado de Assis, O Alienista